domingo, 31 de outubro de 2010

Feel this Fusion



Ele me disse...

 “Chagloow”

Ele me disse...

Ele me disse...

“Sinta essas palavras! Sinta essas palavras! Sinta!”

E eu acho que estou tonta... Eu acho que estou chapada sem ter ingerido qualquer substância...

E ele me disse...

Sinta... sinta...

E o vento sopra...

E tudo é púrpura... E tudo é púrpura... E tudo é...


Outhi...

E tudo é...

Ongotawas!

E tudo é...

Sinta... Sinta... Sinta essas palavras.


sábado, 30 de outubro de 2010

Só estamos brincando

Eu estou me forçando, eu estou me esforçando. Porque se há algo que podemos experimentar, se realmente há algo que podemos experimentar... Por que não fazer? Por que não? A timidez é bonita, mas ela pode te impedir. A discrição é muitas vezes favorável, mas ela pode te impedir. Suas mãos são bonitas, então as deixe pintar o universo com estrelas coloridas.

Ouça, querido, o dia canta uma canção, ela é bonita e agradável como uma brisa que acaricia as arvores numa tarde quente de verão e quando o dia canta uma canção para nós, quando ele realmente canta essa canção, nós só temos de dançar numa pista de estrelas. Soa tão sensual quanto um lindo vestido vermelho. Tão sensual... Tão estupidamente sensual!

Veja, querido, as nuvens negras rodopiam num impulso louco de querer esconder o sol, nem acho que devemos pensar que elas o invejam, na verdade elas fazem o que tem de ser feito e quando estamos observando todas essas coisas, alucinadamente, como os carros que correm para lugar nenhum, a sensação que temos é que nossas cabeças ficaram vermelhas e as pessoas são traços coloridos de cores pálidas.

Mas, nós não, nós não somos seres pálidos e gastos, porque nós sabemos que em momentos como esses e em qualquer outro momento, tudo o que temos de fazer é dançar a canção que o dia simplesmente canta para nós. E você poderia achar que estou estupidamente sóbria e que meu estado de contentamento lúdico não passa de um efeito, de um efeito alucinado de uma noite alienada. E veja, querido, eu pintaria as suas cores nas paredes do meu quarto e entregaria sua mão em troca de um presságio. E queimaríamos na loucura de um pó estelar que enche nossas cabeças da mais sóbria loucura.

E você está terrivelmente sensual para mim hoje. Você ouviu isso? Você está amavelmente sensual hoje. E eu te devoraria! Te devoraria!

Alguém chutou um balde vazio e queremos saber de onde então está vindo toda essa água. Estamos sentados na beira do abismo, balançando nossos pés, como crianças sentadas em cadeiras altas e quando algum antigo monstro se mostra para nós, quando um maldito antigo monstro se mostra para nós diante do abismo, nós rimos, rimos como duas crianças loucas. E damos de ombros! Apesar de tudo, não insistimos mais com essa história, nós aprendemos não insistir mais com essas histórias!

Cansamos das velhas histórias!

Contamos causos novos agora, ou nem tão novos assim. Olhamos Adolfo, enquanto ele evoca as mais interessantes criaturas, nós vemos Josephine desfilando na ponte eterna da sua loucura, nós pintamos ovos de galinha e escondemos bolinhas de arvore de natal na geladeira. E nós apenas somos crianças sentadas na beira do abismo, crianças alucinadas sentadas no muro do mundo para contemplar a paisagem. Crianças que sabem que o dia canta uma canção para nós e que sempre desconfia que o universo esteja bêbado. E, querido, eu sei... Nós só estamos brincando.




sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Samael


Desfaleço! O que haverá de fazer diante da abominável barreira da crença da limitação? 


Escorregar-me dentro de um corredor amanteigado das vias impostas pelos caminhos mais surreais possíveis. Beijando loucamente a boca de Samael. Implorando pelo seu veneno. Implorando por sua maçã.


Tente-me, Samael! Tente-me!

Para que ao tomar de sua tentação eu possa desvelar o oculto, deitar sobre as sombras da insanidade e deleitar-me na sensualidade dos delírios de teus beijos. Despir-me da velha carne, despir-me dos velhos conceitos. Adiante na loucura da sensualidade da sua escuridão.

Tente-me, Samael! Tente-me!

Porque do Éden também quero ser escorraçada, para além dessa loucura infligida, mentira lustrosa, terrivelmente destrutiva. E eu questiono todas essas concepções e todas essas perspectivas, vasculho em tudo para purificar todos os lugares onde esta sujeira está impregnada, Samael, querido, você não está sozinho e pelos seus beijos estou embriagada.

Procurarei teus olhos em cada homem que amo, deleitar no leito do conhecimento insano, para além dessa racionalidade condicionada. Sem ética, sem moral, sem nada. Despida de toda a mortalidade que tentaram impor a minha divindade. Amando-o na loucura da minha sobriedade!

Morda-me, velha serpente, pois em meus delírios encontrarei a sabedoria, na morte encontrarei vida, para além de mediocridade, para além da inferioridade, purificando-me no êxtase da sua sedução. E eu não te deixarei sozinho, Samael, não te deixarei sozinho em sua escuridão.

Tente-me, Samael! Tente-me!



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Abismo

Dentro daquilo do que pode parecer, não um despertar, tampouco um adormecer, mas imagem confusa de uma ilusão necessária.
O universo dando-me seus segredos, para despedaçar dentro do abismo onde tudo que se vê é dualidade, quente e frio, seco e molhado, na boca o gosto do café amargo,
Sonhos que contam histórias de alguém que eu fui outrora, num outro mundo, tão inadmissível, a mente concebe aquilo que decodifico, mas tão incrédula com a suavidade da linguagem sem palavras,
Consciência alterada, por uma fração de segundos, nem o entendimento, nem o absoluto, talvez um vago conhecimento daquilo que não estou pronta para conceber.
Você contempla aquilo que pensa que sou, que muitas vezes não condiz com o que penso que sou, porque o que sou não pode ser pensado, nem prensado, nem comprimido...

Alívio...

Olho pela janela a claridade do sol amigo. O dia é timidamente quente, mas não importa para aquele que não sente, que tal clareza deveria levar as pessoas ao despertar...

E eu adormeço...

Contando-me histórias sem parar, tocando o sol em seu despertar, no leste da manifestação, angariando mundos de desejos, enquanto se caminha em dispersão.
Sussurro palavras em um idioma alienígena, nem um pouco incrédula, nem um pouco obsessiva, mas dentro da concepção do que é...
Vivendo a magia em uma totalidade atípica, não que isso pareça com as nuvens que rolam pelo céu, estou retirando-o do seu foco, por uma questão de órbita, uma simples rotação,
Peças necessárias numa maquina gigante, terrivelmente sobrepostas, amavelmente aleatórias, vivendo a incessante arte da mudança.
Ansiando o anseio de ir além desse tempo... E que tempo? Se podemos com nossos pinceis como artistas pintar passado e futuro ao bel prazer, que deita o sorriso no rosto de Dionísio.

Amada loucura...

Dos prazeres, das delicias, dos deleites, dos bacanais... A espalhar a alegria pela terra, em gargalhadas sinceras, no êxtase, na dança, no vinho...
Termino sorrindo uma doce poesia que nada tem para dizer para aqueles que não podem ver, dentre as sombras e os escombros de um abismo profundo, que a luz implora e ama a presença da escuridão.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vamos sonhar?

Pode ser assistido em tela cheia para um efeito melhor.

Pode ser baixado também. AQUI


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Chaos Meditation - Adquirindo Poder Para Transformar

Adquirindo Poder Para Transformar

Pequenas explicações (nem tão necessárias, mas vai): essa é uma meditação guiada onde estamos trabalhando com uma linguagem simbólica para falar diretamente com o nosso inconsciente. Eu usei a borboleta porque ele é inseto holometábolo, do grego holo = total, metábolo = metamorfose, passando por quatro estágios: ovo, lagarta, crisálida e borboleta. Também usei a borboleta porque ela é símbolo de transformação. Para que a meditação tenha efeito é imprescindível que se use de sua imaginação total, vivendo exatamente cada estágio do pathwork. As palavras usadas são do ourariano bárbarico, que é um idioma que tenho experimentado em algumas meditações/magias/anything e que tem demonstrado ser muito útil e poderoso, e servirá como um mantra para manifestar o desejo aqui nesse pathwork, claro que pode mudar se quiser. Chabohej significa “adquirindo poder”, Cho significa “para” e Sifam significa “transformar” (Dicionário Ourariano Barbárico pode ser encontrado no site da IOT). Essa meditação serve para aqueles momentos em que sente que você está se auto-sabotando de vários modos possíveis para aquilo que está intentando mudar em sua vida. Trata-se de linguagem simbólica e se não servir para qualquer outra coisa, servirá ao menos para reflexão.

Iniciando:
Eu sempre gosto de usar Rituais de Banimento para qualquer exercício mágicko que eu faço e recomendo para esse também. Antes e depois.

Sente-se confortavelmente ou deite-se se tiver certeza de que não irá dormir durante o processo. Fique por um tempo considerável respirando profundamente até que sua mente esteja completamente vazia. Feche seus olhos com suavidade, se não conseguir se lembrar da visualização, procure gravá-la num celular ou gravador de voz para ouvi-la, lembrando que se for gravar sempre procure deixar pausas para que tenha tempo de imaginar e viver as suas várias vidas antes de passar para o próximo estágio de sua existência dentro do pathwork. Também é interessante que memorize as palavras do ourariano barbárico, mas se caso gravou o pathwork lembre-se de gravar também o mantra usado aqui. Repita-o dentro do pathwork como desejar, por minha experiência mover o corpo nesses tipos de prática não é muito interessante porque pode nos tirar o foco de atenção da imaginação para o corpo, então só fale em voz alta se tiver vontade ou se tiver uma concentração imaginativa impecável.

Pathwork (Visualize - Imagine)

Você está deitado observando atentamente seu abdômen que sobe e desce suavemente seguindo o ritmo lento de sua respiração, se mantém assim por algum tempo, simplesmente respirando. Após um tempo abra os seus olhos, perceba o ambiente ao redor, folhas gigantescas te cercam, abaixo de você a terra fofa e marrom de um jardim, você olha para cima e pequenas flores parecem aos seus olhos com arvores gigantescas. Observe atentamente esse jardim gigantesco ao seu redor. Você sente que encolheu, encolheu tanto que reconhece que um simples jardim parece uma floresta gigante.
Por um momento você observa seu novo corpo, ele é roliço, estranho, suas patas muito pequenas faz com que você arraste seu corpo pela terra. Então, subitamente você nota que você é uma lagarta e vive a sua vida de lagarta. Se arrastando, procurando comer diuturnamente para sobreviver. Você se arrasta de um lado para outro comendo as folhas desse jardim. Viva atenciosamente sua vida de lagarta, se arrastando, comendo e evacuando, passeando por esse jardim, sabendo do risco que corre de ser morto por ser uma praga e não fazer nada além de devorar folhas para sobreviver, destruindo tudo por onde você passa. Sinta cada momento da sua vida de lagarta.
Após um tempo você sente subitamente que não tem mais fome, você suspende toda a sua alimentação, não parece mais fazer sentido para você devorar e destruir tudo. Você simplesmente pára. Você se sente num estado de silêncio, como se estivesse doente, sente-se como se fosse morrer. Tenta comer mais uma folha aqui e outra ali, mas de repente não tem mais nenhum apetite. Você simplesmente se tornou uma lagarta silenciosa sentindo que está para morrer. Você está imóvel, é uma lagarta imóvel sentindo sua morte eminente.
Tudo escurece. Você está num lugar totalmente escuro e silencioso. Fique nessa escuridão silenciosa por tanto tempo quanto achar necessário. Você não é mais uma lagarta, é uma crisálida, mas não tem consciência disso, está na escuridão, no silêncio, você não sabe quem você é.

Após um tempo de silêncio, nesse mar de escuridão, você escuta uma frase que vem ao longe e vai ficando audível aos poucos, essa frase diz:

Chabohej Cho Sifam

Você aprende a nova frase e a repete dentro dessa escuridão incansavelmente. Repita várias e várias vezes. Quando se cansar de repetir ou quando achar que já foi o necessário. Volte para a sua escuridão silenciosa.

Após um tempo você sente que está forçando as suas costas, você tornou a ter consciência de si e nota que está dentro de um casulo, com toda a força que você possui, você começa a quebrar esse casulo. Veja o quebrando lentamente, enquanto você faz toda a força do mundo para sair dele. Quando ele finalmente se quebra, você fecha seus olhos que se ofuscam pela luz. Então nota que há asas em suas costas, elas estão úmidas e você segue até a luz solar e deixa-se secar. Sinta a luz do sol secando suas asas úmidas, seu corpo úmido, delicie-se sob a luz solar que te aquece, perceba seus vários olhos se acostumando com essa claridade. Olhe ao redor, veja todo o jardim ao seu redor, voe entre as flores, viva a sua vida de borboleta. 
Após um tempo vivendo sua vida de borboleta pouse num muro. Sinta-se saindo desse corpo, como uma consciência, observe atentamente você se tornando novamente um homem, enquanto observa a borboleta ainda no muro com suas asas abertas. Observe essa borboleta por quanto tempo achar necessário e depois volte lentamente ao seu corpo.

Já em seu próprio corpo, sinta seus membros, seu abdômen, coluna, tórax, pescoço, cabeça, sinta todo o seu corpo. Após sinta o lugar em que está (cadeira ou cama), cubra os seus olhos com as mãos, abra-os sob suas mãos, sinta e observe a claridade e o ambiente ao redor. Após isso desfaça a posição dos braços e levante-se lentamente, dê uma volta pelo ambiente e vá fazer suas coisas, ou se estiver perto da hora de dormir, descontraía um pouco antes de adormecer.

Recomenda-se um banimento antes de ir viver sua vida de “gente”! hehehe


sábado, 23 de outubro de 2010

Miguel

Bem, Miguel, vamos conversar, pois até então não estávamos manifestados na consciência um do outro, sinceramente quando você surgiu em meu sonho, estava certa que era um anjo, mas pude ver claramente que me enganei, até onde eu sei anjos não comem bolinho de carne, ou ao menos não deveriam. E por que não? Bem, eu não sei muito sobre anjos, mas alguma coisa dentro de mim diz que eles não são assim tão modestos para gostarem de bolinhos de carne. Talvez preferissem caviar.

De qualquer modo, fomos apresentados de um modo meio inconcebível para mim, infelizmente eu não posso dizer sobre você, você fala pouco enquanto come, mas veja, Miguel, eu estou perplexa! Essas histórias de sincronicidades que as pessoas nos contam podem ser só mais um meio para ficarmos loucos, não tenho visto mais tanta diferença entre eu e o esquizofrênico que diz para Jung que está observando um pênis no sol de onde flui o vento.

Uma coisa é a gente ler a respeito dessas coisas todas e outra é pegar um pouquinho de espaço quântico entre os dedos e conceber que temos todo o universo nas mãos. Essas coisas parecem absurdas e a mente às vezes insiste em tentar negar coisas absurdas como essas, mas infelizmente a despeito da loucura que às vezes penso estar sob, de vez em quando, um pedacinho de espaço quântico caí em minhas mãos enquanto sonho.

Mas, não quero que pense que isso é algo complicado, creio que você deve saber dessas coisas provavelmente até melhor que eu, mas isso não muda a ordem daquilo que sinto, e Miguel, às vezes acho que é simplesmente trágico! Quando oito pessoas se juntam para criar alguma coisa, ainda que isso jamais poderia ser possível e enquanto você vê que você faz parte disso, cara, a razão parece uma barreira para a compreensão.

Resta-nos sentarmos, eu escuto Tech Icth enquanto você come seu bolinho e ambos concordamos que não sabemos de nada disso. Mas, Miguel, eu gostaria que soubesse que quando eu penso nessas coisas todas, eu sinto meu estômago doer, como se tivesse levado milhares de socos nessa região e quando eu penso a respeito disso, eu acho que tem algo realmente estranho acontecendo.

Querido, às vezes eu penso se a vida poderia ser baseada em Tech Itch e bolinhos de carne, acho que se assim fosse nós daríamos um momento de profunda paz para as nossas mentes. Não sei como um anjo poderia sentir essas coisas, mas de toda forma, há doidos malucos atacando grupos inocentes em prol de uma boa técnica de combate. Eu não sei quanto a você, mas eu estou rindo por causa disso.

No final resta-nos saber, Miguel, você e eu, que embora estamos separados, talvez por dimensões sinistras, ou por longas distâncias, ou sabe-se lá como medir isso, em algum pedaço quântico estamos ambos no mesmo lugar fazendo algo como ouvir Tech Itch ou comer bolinhos de carne. Mas, quem poderia explicar? Melhor decidirmos de uma vez por todas que a vida se resume em Tech Itch e bolinhos de carne e que razão é perfeita para quem gosta de matemática. Não sei quanto a você, Miguel, mas o dia está nascendo e eu preciso andar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Condicionamento

Acabei de ler um artigo que achei bem interessante (http://whitestaracception.wordpress.com/chapter-i-god-nature-and-man/) traduzido por um amigo. Eu concordo com muitas coisas que são ditas lá, embora eu ainda sinto que o autor está um pouco “desfocado”. Quando penso em coisas como “nada é verdadeiro, tudo é permitido”, sempre me vem a mente um estado mental que eu adoro defender, chamado liberdade. Esse artigo em especial tocou num ponto sobre ter de superar instituições, leis, moralidade, casamento, limitações sexuais, etc, para se tornar um super-homem, que embora não esteja tão claro em que conceito estão falando sobre o super-homem, creio que estamos pensando ambos, eu e o autor, em Nitzsche.
Acho que essa questão de se tornar “EU” tem sido muito discutida, mas pouco se tem realmente feito mediante a isso em milhares de sistemas ocultistas. O que eu vejo é que não importa a linha que se está seguindo, se direita ou esquerda, todas estão seguindo seus dogmas. Acredito que muitos de nós somos realmente crianças do Novo Aeon (termo thelemico) e muitos de nós nos sentimos oprimidos pela nossa cultura, sociedade, educação, justamente por estarmos mentalmente adiante de nosso tempo (ou de gostar de pensar isso, aliás na aleatoriedade da natureza, acho que somos bem comuns), com isso tendo de lidar com milhares de sentimentos, pensamentos e questões como todas as outras criaturas da nossa espécie, ao menos as realmente pensantes. Sentimentos básicos, comuns mesmo, nós não somos diferentes só porque pensamos diferentes ou agimos diferente, acabamos todos, queirendo ou não, tendo essa gama de sentimentos, complexos, pensamentos, estrutura mental semelhante. Fomos educados pra isso.
Acho que a maioria de nós concordamos em uníssono sobre moralidade, essa realmente tem sido a grande praga da humanidade, enchendo-a de culpas e outras tranqueiras que nem fazem parte dela mesma. Como indivíduos a moralidade é altamente descartável, não há nada na moral ou em códigos religiosos que realmente possa ser aproveitado. Quanto as instituições todo homem e mulher é livre para fazer o que bem deseja, se a política te faz feliz, porque deixá-la, se casar é algo que lhe provém qualquer tipo de prazer porque evitar casar-se. Que tipo de liberdade e “super-homem” é esse que tem que evitar aquilo que qualquer outro disse que é mal para ele?
Conversava há pouco com um amigo justamente sobre identificação e concordávamos que o perigo da identificação está justamente em aceitar aquilo que o outro pensa sobre você, isso inclui também, aquilo que o outro pensa que é o caminho da ascenção para você. Achar que é livre só porque se prendeu em qualquer conceito de liberdade não é ser livre, é estar preso em conceitos sobre o que é a liberdade e achar que é livre por isso, ou seja, pura idiotice.
A luz, seja de quem for, de Lucifer, de Apolo, do Sol, da Vela, do poste de eletricidade pública deve recair sobre quem você não é, o “não-eu”, esse sim que deveria ser interessante para qualquer um realmente afim de ascender seja para se tornar um deus ou para se unir a um deus, porque até isso é defendido como liberdade de ser o que se é ou o que se quer. Todo o resto é um meio de nos causar sofrimento sem que percebemos. Creio ser uma loucura em qualquer momento achar que qualquer estrutura de dogmas, sejam eles quais forem, ou preceitos a serem seguidos, ou conceitos para consenso em grupo ser um meio para se ascender ou se tornar o Super-Homem, é pura tolice e um caminho retógrado para o “EU”.
Porém, por outro lado o convívio em sociedade, aceitação de cultura, educação e preceitos morais ou éticos, requer um cuidado maior para o magista, justamente por nossa tendência a identificação. Você não é um gay só porque eu disse que você é e quando você está certo de que não é um gay, não importa o quanto eu diga que você é, que você não vai se tornar um por isso. Mas, outras coisas não são assim tão claras para nós, por isso o auto-conhecimento é tão necessário. Como Osho colocou em seu artigo “Ego, o falso centro”, o caminho para o auto-conhecimento é por intermédio do ego, só pelo falso é que poderemos encontrar o verdeiro.
Tenho atualmente feito um trabalho magicko diário que tem me remetido (muitas vezes a contragosto) a me observar para me conhecer, não só isso, mas aí eu levaria muito tempo para explicar toda a prática, mas resumidamente ela engloba meditação, auto-observação, recapitulação, não-afeição e não-julgamento. Já pude algumas vezes conferir coisas que estamos cansados de saber, como projetar no outro coisas que são nossas, no meu caso, eu notei que sempre que estou julgando alguém, ou projetando alguma coisa sobre essa pessoa, eu estou certamente passando para o outro aquilo que eu não quero ver que é meu. Creio que todos nós, por mais avançados que estivermos em nosso caminho espiritual, sempre iremos conflitar com alguma coisa ou outra que por algum motivo não gostamos em nós. E eu que estava realmente batendo no peito o quanto estou “livre” da moralidade, tive de concordar às duras penas que tem tanta coisa enraigada em mim, talvez pela criação, educação e cultura, que automatica e inconscientemente, estou aplicando isso em larga escala em minha própria vida. Eu mesma já parei o exercício de recapitulação por pura fuga daquilo que eu estava vendo e que não queria ver. Isso foi tão automático e sorte que eu estava em estado de observação para notar meu comportamento após isso. Então, observei que fui fazer coisas banais, que muitas vezes nem gosto de fazer, como uma forma irracional de me ocupar de qualquer coisa para não ter que olhar aquilo de frente, pensar e verificar que não sou exatamente aquilo que penso que sou.
Então, eu creio ser muito fácil ficarmos com um blábláblá, satânico ou não, de liberdade e ascenção, com nossos conceitos prontos de fábrica, com direito a manual de instruções e batermos no peito que defendemos isso, quando ainda não temos a menor capacidade de aceitar pequenos atos por uma questão de condicionamento.
CONDICIONAMENTO!
Estamos tão condicionados que sequer damos conta, achamos que isso é bobeira, mas quantas vezes você já deixou de fazer alguma coisa que realmente queria para simplesmente ficar condicionado em seu hábito? Quantas vezes sentiu uma situação “nova” profundamente irritante porque ela não lhe permitia se comportar e ter uma rotina a qual estava acostumado? Dizer para nos livrar das instituições, das limitações sexuais, dos casamentos é tão bonito, mas tão inútil. É o mesmo que estamos fazendo o tempo todo, apontando o dedo para os outros e crendo que o problema é sempre eles. E esquecemos de uma parte essencial de nosso caminho mágicko que o mundo que vemos e como o vemos é um conceito nosso mesmo, ou seja, não somos impessoais e o mundo que vemos é pura e simplesmente uma projeção nossa. Quando conseguimos libertarmos de nosso “eu-condicionado”, certamente vamos experimentar um pouquinho daquilo que Nietzsche disse sobre o Super-Homem, ou Crowley com sua Verdadeira Vontade, ou o Budismo com Buda. O resto é só uma forma de trazer um novo conteúdo para o seu condicionamento.
Com o prazer final de dizer que tudo o que eu disse pode ser puro condicionamento também.

Num mundo de possibilidades, tudo é possível.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sigrfrida despertando pra viver o dia...

Enquanto o sol toca o corpo e os carros passam correndo para não sei onde, talvez um sopro de sabedoria existisse na senhora que me dizia para aproveitar o dia. Algo como caos, algo como não sei, algo de primitivo me fez desejar o sorriso amarelo daquela que mesmo nunca tendo me visto sorria por me ver aproveitando-me da luz solar. Apolo dançando drum’n’bass numa velha Avenida de São Paulo.

Alameda que leva para não sei onde, que me faz encontrar com não sei quem, para fazermos não sei o quê. O que importa? Quando o sorriso dura apenas um segundo e as pessoas se compadecem das lágrimas que derramo por causa da minha alergia, tudo que eu posso ver é Apolo dançando naquela avenida.
Toda uma madrugada revendo a vida, uma saudação bem vinda de uma velha amiga, tudo se ajeitando de uma forma incrivelmente aleatória, a dança do caos no espetáculo da aurora. Não somente o pouco de calor que o sol me presenteou, mas algo como Sigrfrida sendo despertada para viver (a vida?).

E Morrissey cantando (uma verdade?)... E quando você quer viver. Como começar? Para onde você deve ir? Quem você deve conhecer?  Bem, eu concordei com isso por certo tempo, mas de repente e tão de repente, acho que ele se enganou. E eu me enganei, fiz o que não sei e o que sabia não fazia...

O agora.

Para viver basta inspirar.

Inspirar...

E o que me inspira? O ar? A luz? O sol? O calor? O dia?

Alguém falou em conhecer? Alguém falou em saber?

Alguém? Conhecer?

E se tudo já estivesse aqui antes, o que realmente haveria de novo? E se tudo já estivesse aqui antes e eu o percebesse completamente diferente só por um instante? E se tudo fosse Apolo dançando na avenida? Sigfrida despertando para viver o dia...


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Uma gota

Beber o universo em um gole de água! Você pode ouvir isso, querido? Minha pergunta é indelicada, mas estávamos tão acostumados a viver com nossos ouvidos tapados que nossa surdez acabou se tornando um terrível caso de loucura. Não que a loucura seja alguma coisa da qual gostamos de nos queixar, veja bem, às vezes gostamos de nos queixar quando o dia deita algum tipo de benção sobre nós.
Um gole de universo às vezes é o suficiente para deixar qualquer um inspirado, ou simplesmente enlouquecido, ou talvez um gole de universo seja o suficiente para nos fazer deitar na calçada e sentir o vento tocando o rosto. Tantas coisas o vento vem soprando para nós, tantas coisas o vento vem retirando de nós e muitas vezes estamos tão ocupados com nossas mentes que sequer damos conta.
Vieram-me e me deram uma poça suja de presente. Rasgaram os travesseiros e ainda me perguntam o que é que eu tenho sonhado. Uma voz em minha cabeça diz que eu estou ferrada, outra que eu devo me manter segura do passado. De um modo ou de outro, eu acho que só queria um pedaço de chocolate.
Sinta essas palavras! Sinta essas palavras! Porque alguém como Max Heindel pode te tirar o direito de ter um mundo só seu e dividi-lo aos pedaços e ainda espera que você o entenda. Coma todos esses chocolates! Porque de repente o mundo pode virar de cabeça pra baixo e seus chocolates simplesmente virarem bolhas de sabão que são carregadas para longe, o vento adora carregar coisas leves como bolhas.
Às vezes gosto de pensar que você está bem, às vezes adoro pensar que você está no inferno e às vezes eu gosto de simplesmente olhar para a cidade e enlouquecer com perguntas imbecis que me fazem questionar se de repente o mundo só é esse mundo de formas. Nada contra as formas, mas veja bem, querido, quando tudo o que se tem no mundo é uma parede de concreto, acho que não sobrará muito espaço para nós.
A chuva cai e às vezes me pergunto o que é que ela está lavando, se é a poeira que deita sobre essa cidade desgastada, ou se minha sanidade. Às vezes gosto de coisas como bicicletas voadoras, ou de desenhos rabiscados em paredes, ou de sonhos que se transformaram em algum momento algum tipo de verdade e às vezes eu gosto de ouvir o que se tem para dizer, ou de simplesmente dizer o que não se tem pra ouvir. E quando eu descrevo aquilo que sou, estou descrevendo exatamente aquilo que não sou. Não que isso seja alguma novidade para nós, mas bem, deixe me deitar minha cabeça em seu colo e contar uma longa história sobre discos voadores, isso não fará qualquer diferença.
Por favor, pequena gota de chuva, diga-me: Para onde está indo? Para onde está indo?
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