sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vida-morte-vida



Bem, no último post do Realidade Demitida, eu estava falando a respeito das crises transformacionais, como raramente eu consigo ser impessoal, coisa que eu deixei muito clara no último post também, eu estava passando pela pior crise transformacional de todos os tempos, e sinceramente, eu ainda não consegui sair dela totalmente, mas já posso sentir no vento a aproximação da primavera!

Dentro dessa crise eu tive que deixar amores morrerem, um emprego se arrastar até não sobreviver mais, eu tive que reavaliar quem eu achava que eu era, para ouvir os anseios de minha própria alma e tentar descobrir quem eu achava que eu queria ser. Conquistei coisas só para descobrir que não me serviam, repassei momentos só para perceber que eram inúteis, me civilizei só para ter certeza de que sou uma criança selvagem.

Atravessando essa floresta na noite escura da alma, eu simplesmente pensei que eu não sobreviveria, também pudera! A Morte me sorriu o tempo todo, com aqueles dentes amarelos dela e foi arrancando pedaço por pedaço de todas aquelas coisas inúteis que eu estava arrastando pela vida. Porém, por mais inúteis que poderiam parecer, elas estavam enraizadas em minha carne e isso foi bastante doloroso, muito doloroso. Parte do caminho foi a bad trip mais terrível que eu já tive na vida, a outra parte foi estar frente a frente com a morte me dizendo simplesmente para enlouquecer. É assim que mulheres civilizadas (ou que tentam se civilizar) passam pela iniciação xamã.

Isso me fez tomar outro rumo, que não era necessariamente estranho, mas após tanto tempo mantendo uma persona, é complicado quando se tenta tirar a máscara pregada à cara. Eu tive que reconhecer que por mais que os homens são de uma espécie realmente exuberante e bela, eu sou mulher e meu caminho reside no feminino. Então, títulos como Mulher Selvagem, Dísir, Volvas, Ljots, Bruxas, Xamãs, Dakinis, Sagrado Feminino, Deusas e Grande Mãe tem sido focos de minha atenção nos últimos dias. Não me mandem para a floresta, ou para tirar leite de vacas, ou para cuidar de plantas muito delicadas que isso realmente não será uma boa empreitada. Mas, estou me preparando para ser mãe novamente e algumas sementes de Olouloqui e Ipomea Violacea logo estão indo para o útero do meu jardim novamente.

O Odinismo misturado ao Xamanismo Tolteca de Carlos Castañeda voltou a ser focos de trabalho na reconstrução de mim mesma. Também tenho feito uma mistura deliciosa de paradigmas psicológicos como o Junguiano e o Transpessoal para reescrever o que eu estou planejando pra mim daqui em diante. Tenho usado de mitos e contos de fadas para fazer uma reprogramação e também estou num intensivo trabalho de metamorfose, que tem sido de certa forma um pouco angustiante. Estou tendo de lidar com um ego resistente e chorão que às vezes me faz simplesmente querer me esconder na toca e não ver a cara de ninguém. Isso não significa ao todo que eu abandonei tudo, ou que abandonei meus amigos, mas essa é uma fase, que eu chamaria de certo modo, analítica. O que vai sair desse ovo nem eu sei ao certo, deduzo algumas coisas, induzo outras, mas é sempre um mistério e é assim que tem que ser.

Eu até gostaria de dizer, mas não sei se posso confirmar que ainda assim eu continuo a Chaos Baby de sempre, ainda estou naquela fase de transição, então não tenho nenhum projeto coletivo para o momento, até porque estou numa fase muito introspectiva. Num dos sonhos que eu tive no percurso, foi me dito que isso estava intimamente relacionado ao próximo ano de 2012, que é também, por conseguinte um ano lunar. Talvez daí também esteja vindo essa urgência e necessidade de religar ao Sagrado Feminino e o caminho lunar. Quem sabe podemos esperar um ano muito delicioso para as mulheres?

Ressurgindo do caos criativo, aos arrancos e barrancos, eis que eu retorno a dar vida para o Realidade Demitida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...