Às vezes eu me pergunto o que
está errado com as pessoas. Mas o correto seria me questionar o que está errado
comigo mesma. Num simples momento quando as luzes se apagam em nossa
consciência, existe certo tipo de desejo oculto de encontrar a si mesmo. Parece
que ninguém ainda percebeu que o ego nada mais é do que uma simples base de
intermediação. É ali onde racionalmente procuramos dar certo sentido as coisas,
que fazemos nossas escolhas não tão conscientes e que alegamos ter algum tipo
de personalidade para o mundo.
Mas a grande verdade é que isso
não importa para ninguém. Eu mesma já me apaixonei por “egos perfeitos”, para
depois de um tempo, ao ver todo o conjunto da obra no dia-a-dia perceber que eu
estava completamente equivocada no meu gostar. Às vezes creio ser necessária
uma alta dose de decepção para conseguirmos enxergar aquilo que estava bem
diante do nosso nariz. E eu vou dizer o que importa.
A verdade é que não importa que
tipo de pessoa seu ego esteja querendo dizer que você é. Não importa qual o
tipo de imagem que você está querendo vender para o mundo. E se alguém me
pergunta se há algum tipo de infelicidade, eu diria que a maior de todas elas é
se ver escravizado numa imagem que você idealiza ser a sua, porque uma parte de
você, uma parte que não está nem aí para o ego que você está construindo a cada
dia, está completamente frustrada. E sabe por quê? Porque ninguém quer ser um
perdedor, mas invariavelmente todos somos e todos nós sabemos disso. E o que
mais nos causa esse desconforto é que perder ou vencer não faz a menor
diferença ao todo. Como diria a sabedoria do oriente: As coisas são como elas
são.
Então eu vejo pessoas que tomaram
para si diagnósticos, como transtorno bipolar de humor e acham que elas são
isso, são doentes tendo de lutar contra uma anomalia. Vejo pessoas que sofrem
com pânico e elas tomaram o pânico para si mesmas e estão aterrorizadas com as
suas situações de pânico tentando lutar contra. O que eu vejo é em sua maioria
pessoas insatisfeitas tentando encontrar um meio de alcançar o seu “eu
idealizado” e que não podem por causa disso se libertar da escravidão desse eu.
Não há nenhum problema em se
sentir certa afinidade com os mundos alternativos e filosofias atraentes que
outras pessoas criam. Mas ao conversar com um amigo e ver que nós continuamos
com a mesma luta de séculos atrás, eu me questiono realmente o que temos de
novo. Vejo o mundo lutando pelo direito de ter informação e conhecimento,
enquanto Alexandrias ainda pegam fogo. Eu vejo a igreja disfarçada de estado
tentando controlar o rebanho que estão muito felizes por terem a novela das oito
e algum reality show passando na televisão.
Então, sim, bate um tipo de
decepção e insatisfação porque é como se todos estivessem atados e longe do rio
da criatividade. O que nós temos de novo para apresentar ao mundo? Sempre as
mesmas velhas lutas com outras roupagens, sempre a mesma velha briga por
controle e autoridade. Sempre um mundo suspirando e clamando por uma nova
tirania, uma nova guerra, mais um pouco de coisa hedionda para ver e assistir,
enquanto comemos pipoca e tomamos refrigerante. Devo lembrar que antigamente o
circo era algo essencial assim como pão e vinho?
Isso sem contar da grande
insatisfação que de vez em quando bate. Às vezes é esdrúxulo se ver em maus lençóis
porque inventou de compartilhar alguma experiência com alguns de seus amigos
magistas e do nada alguns ficarem paranóicos contigo, com medo de que você está
fazendo magia para interferir na vida deles também. E sinceramente às vezes o
que vem de encontro em meio as suas lamentações é lembrar muitas pessoas de que
para se praticar magia, muitas vezes é necessário uma forte base psicológica.
Não porque isso seja algo de grande valia ao todo, mas porque reconhecer seus
pontos de paranóia, neurose e egocentrismo às vezes é um ótimo começo para
poder lidar com seus próprios demônios pessoais.
Com isso tudo a mensagem é muito
simples: Você não é importante para o mundo. O mundo está cagando e andando
para o que você faz. Todas as pessoas, assim como você, estão tão preocupadas
com seus próprios umbigos que não são capazes de ver cinco centímetros ao redor
delas, inclusive você e seu genialismo. Paranóia, neurose e egocentrismo não é
um caminho para magia, é simplesmente auto-ilusão. E se ainda não deu para
entender a mensagem, mestre-guru, eu estou no meu caminho e muito mais interessada
no meu próprio desenvolvimento e no compartilhamento do desenvolvimento de
outras pessoas que estão realmente fazendo um trabalho sério. Ainda não está
satisfeito? Então medite nessa frase: A sua realidade não passa de uma opinião.
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