Acabei de ler um artigo que achei bem interessante (http://whitestaracception.wordpress.com/chapter-i-god-nature-and-man/) traduzido por um amigo. Eu concordo com muitas coisas que são ditas lá, embora eu ainda sinto que o autor está um pouco “desfocado”. Quando penso em coisas como “nada é verdadeiro, tudo é permitido”, sempre me vem a mente um estado mental que eu adoro defender, chamado liberdade. Esse artigo em especial tocou num ponto sobre ter de superar instituições, leis, moralidade, casamento, limitações sexuais, etc, para se tornar um super-homem, que embora não esteja tão claro em que conceito estão falando sobre o super-homem, creio que estamos pensando ambos, eu e o autor, em Nitzsche.
Acho que essa questão de se tornar “EU” tem sido muito discutida, mas pouco se tem realmente feito mediante a isso em milhares de sistemas ocultistas. O que eu vejo é que não importa a linha que se está seguindo, se direita ou esquerda, todas estão seguindo seus dogmas. Acredito que muitos de nós somos realmente crianças do Novo Aeon (termo thelemico) e muitos de nós nos sentimos oprimidos pela nossa cultura, sociedade, educação, justamente por estarmos mentalmente adiante de nosso tempo (ou de gostar de pensar isso, aliás na aleatoriedade da natureza, acho que somos bem comuns), com isso tendo de lidar com milhares de sentimentos, pensamentos e questões como todas as outras criaturas da nossa espécie, ao menos as realmente pensantes. Sentimentos básicos, comuns mesmo, nós não somos diferentes só porque pensamos diferentes ou agimos diferente, acabamos todos, queirendo ou não, tendo essa gama de sentimentos, complexos, pensamentos, estrutura mental semelhante. Fomos educados pra isso.
Acho que a maioria de nós concordamos em uníssono sobre moralidade, essa realmente tem sido a grande praga da humanidade, enchendo-a de culpas e outras tranqueiras que nem fazem parte dela mesma. Como indivíduos a moralidade é altamente descartável, não há nada na moral ou em códigos religiosos que realmente possa ser aproveitado. Quanto as instituições todo homem e mulher é livre para fazer o que bem deseja, se a política te faz feliz, porque deixá-la, se casar é algo que lhe provém qualquer tipo de prazer porque evitar casar-se. Que tipo de liberdade e “super-homem” é esse que tem que evitar aquilo que qualquer outro disse que é mal para ele?
Conversava há pouco com um amigo justamente sobre identificação e concordávamos que o perigo da identificação está justamente em aceitar aquilo que o outro pensa sobre você, isso inclui também, aquilo que o outro pensa que é o caminho da ascenção para você. Achar que é livre só porque se prendeu em qualquer conceito de liberdade não é ser livre, é estar preso em conceitos sobre o que é a liberdade e achar que é livre por isso, ou seja, pura idiotice.
A luz, seja de quem for, de Lucifer, de Apolo, do Sol, da Vela, do poste de eletricidade pública deve recair sobre quem você não é, o “não-eu”, esse sim que deveria ser interessante para qualquer um realmente afim de ascender seja para se tornar um deus ou para se unir a um deus, porque até isso é defendido como liberdade de ser o que se é ou o que se quer. Todo o resto é um meio de nos causar sofrimento sem que percebemos. Creio ser uma loucura em qualquer momento achar que qualquer estrutura de dogmas, sejam eles quais forem, ou preceitos a serem seguidos, ou conceitos para consenso em grupo ser um meio para se ascender ou se tornar o Super-Homem, é pura tolice e um caminho retógrado para o “EU”.
Porém, por outro lado o convívio em sociedade, aceitação de cultura, educação e preceitos morais ou éticos, requer um cuidado maior para o magista, justamente por nossa tendência a identificação. Você não é um gay só porque eu disse que você é e quando você está certo de que não é um gay, não importa o quanto eu diga que você é, que você não vai se tornar um por isso. Mas, outras coisas não são assim tão claras para nós, por isso o auto-conhecimento é tão necessário. Como Osho colocou em seu artigo “Ego, o falso centro”, o caminho para o auto-conhecimento é por intermédio do ego, só pelo falso é que poderemos encontrar o verdeiro.
Tenho atualmente feito um trabalho magicko diário que tem me remetido (muitas vezes a contragosto) a me observar para me conhecer, não só isso, mas aí eu levaria muito tempo para explicar toda a prática, mas resumidamente ela engloba meditação, auto-observação, recapitulação, não-afeição e não-julgamento. Já pude algumas vezes conferir coisas que estamos cansados de saber, como projetar no outro coisas que são nossas, no meu caso, eu notei que sempre que estou julgando alguém, ou projetando alguma coisa sobre essa pessoa, eu estou certamente passando para o outro aquilo que eu não quero ver que é meu. Creio que todos nós, por mais avançados que estivermos em nosso caminho espiritual, sempre iremos conflitar com alguma coisa ou outra que por algum motivo não gostamos em nós. E eu que estava realmente batendo no peito o quanto estou “livre” da moralidade, tive de concordar às duras penas que tem tanta coisa enraigada em mim, talvez pela criação, educação e cultura, que automatica e inconscientemente, estou aplicando isso em larga escala em minha própria vida. Eu mesma já parei o exercício de recapitulação por pura fuga daquilo que eu estava vendo e que não queria ver. Isso foi tão automático e sorte que eu estava em estado de observação para notar meu comportamento após isso. Então, observei que fui fazer coisas banais, que muitas vezes nem gosto de fazer, como uma forma irracional de me ocupar de qualquer coisa para não ter que olhar aquilo de frente, pensar e verificar que não sou exatamente aquilo que penso que sou.
Então, eu creio ser muito fácil ficarmos com um blábláblá, satânico ou não, de liberdade e ascenção, com nossos conceitos prontos de fábrica, com direito a manual de instruções e batermos no peito que defendemos isso, quando ainda não temos a menor capacidade de aceitar pequenos atos por uma questão de condicionamento.
CONDICIONAMENTO!
Estamos tão condicionados que sequer damos conta, achamos que isso é bobeira, mas quantas vezes você já deixou de fazer alguma coisa que realmente queria para simplesmente ficar condicionado em seu hábito? Quantas vezes sentiu uma situação “nova” profundamente irritante porque ela não lhe permitia se comportar e ter uma rotina a qual estava acostumado? Dizer para nos livrar das instituições, das limitações sexuais, dos casamentos é tão bonito, mas tão inútil. É o mesmo que estamos fazendo o tempo todo, apontando o dedo para os outros e crendo que o problema é sempre eles. E esquecemos de uma parte essencial de nosso caminho mágicko que o mundo que vemos e como o vemos é um conceito nosso mesmo, ou seja, não somos impessoais e o mundo que vemos é pura e simplesmente uma projeção nossa. Quando conseguimos libertarmos de nosso “eu-condicionado”, certamente vamos experimentar um pouquinho daquilo que Nietzsche disse sobre o Super-Homem, ou Crowley com sua Verdadeira Vontade, ou o Budismo com Buda. O resto é só uma forma de trazer um novo conteúdo para o seu condicionamento.
Com o prazer final de dizer que tudo o que eu disse pode ser puro condicionamento também.
Num mundo de possibilidades, tudo é possível.
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