sábado, 30 de outubro de 2010

Só estamos brincando

Eu estou me forçando, eu estou me esforçando. Porque se há algo que podemos experimentar, se realmente há algo que podemos experimentar... Por que não fazer? Por que não? A timidez é bonita, mas ela pode te impedir. A discrição é muitas vezes favorável, mas ela pode te impedir. Suas mãos são bonitas, então as deixe pintar o universo com estrelas coloridas.

Ouça, querido, o dia canta uma canção, ela é bonita e agradável como uma brisa que acaricia as arvores numa tarde quente de verão e quando o dia canta uma canção para nós, quando ele realmente canta essa canção, nós só temos de dançar numa pista de estrelas. Soa tão sensual quanto um lindo vestido vermelho. Tão sensual... Tão estupidamente sensual!

Veja, querido, as nuvens negras rodopiam num impulso louco de querer esconder o sol, nem acho que devemos pensar que elas o invejam, na verdade elas fazem o que tem de ser feito e quando estamos observando todas essas coisas, alucinadamente, como os carros que correm para lugar nenhum, a sensação que temos é que nossas cabeças ficaram vermelhas e as pessoas são traços coloridos de cores pálidas.

Mas, nós não, nós não somos seres pálidos e gastos, porque nós sabemos que em momentos como esses e em qualquer outro momento, tudo o que temos de fazer é dançar a canção que o dia simplesmente canta para nós. E você poderia achar que estou estupidamente sóbria e que meu estado de contentamento lúdico não passa de um efeito, de um efeito alucinado de uma noite alienada. E veja, querido, eu pintaria as suas cores nas paredes do meu quarto e entregaria sua mão em troca de um presságio. E queimaríamos na loucura de um pó estelar que enche nossas cabeças da mais sóbria loucura.

E você está terrivelmente sensual para mim hoje. Você ouviu isso? Você está amavelmente sensual hoje. E eu te devoraria! Te devoraria!

Alguém chutou um balde vazio e queremos saber de onde então está vindo toda essa água. Estamos sentados na beira do abismo, balançando nossos pés, como crianças sentadas em cadeiras altas e quando algum antigo monstro se mostra para nós, quando um maldito antigo monstro se mostra para nós diante do abismo, nós rimos, rimos como duas crianças loucas. E damos de ombros! Apesar de tudo, não insistimos mais com essa história, nós aprendemos não insistir mais com essas histórias!

Cansamos das velhas histórias!

Contamos causos novos agora, ou nem tão novos assim. Olhamos Adolfo, enquanto ele evoca as mais interessantes criaturas, nós vemos Josephine desfilando na ponte eterna da sua loucura, nós pintamos ovos de galinha e escondemos bolinhas de arvore de natal na geladeira. E nós apenas somos crianças sentadas na beira do abismo, crianças alucinadas sentadas no muro do mundo para contemplar a paisagem. Crianças que sabem que o dia canta uma canção para nós e que sempre desconfia que o universo esteja bêbado. E, querido, eu sei... Nós só estamos brincando.




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