terça-feira, 11 de janeiro de 2011

I don't mind!

A chuva cai pesada lá fora e bem, às vezes eu gosto de dizer para a chuva que eu não me importo. Aliás, pelo quê eu deveria estar me importando agora? O universo gosta de sorrir, querido, e tempo é apenas ilusão. Quando nós abrimos a janela para olharmos o dia e vemos que as pessoas caminham com seus guarda-chuvas, um bêbado tropeça em sua própria garrafa e tudo o que eu não quero ter é razão.

E muitas vezes estamos nos importando tanto, nos importando com o que aquela pessoa falou, nos importando com o telefone que às vezes insiste em não tocar, naquela entrevista de emprego que demora em nos chamar, com a promoção no trabalho que parece nunca acontecer, com o pneu do carro que furou, com os erros que cometemos conosco ou com outros, com aqueles que são queridos, com aqueles que são repugnantes. E às vezes estamos tão empenhados em nos importar que muitas vezes nem sabemos porque é tão importante.

Com o  que anda gastando seu tempo, baby? Com qual assunto tem saturado a sua mente? Isso é realmente importante? Isso é realmente importante? Ou só está se deixando levar por qualquer vento? O universo continua sorrindo apesar de tudo. Então o que há de mais importante que se manter conectado com o fluir da vida? O que há de mais importante que deixar sua mente descansar no simples momento?

Sou como aquela folha que se desprendeu da copa e agora repousa sobre o chão ao sabor do vento. E não há nada mais importante que repousar, não há nada mais importante agora que me deixar curtir o momento e ouvir um maluco que canta e grita sob a chuva. Querido, não quer dizer que isso não tem importância, não quer dizer que suas expectativas não são também minhas ou semelhantes com as dos outros, mas a vida tem que fluir em seu próprio ritmo, o mundo precisa rolar em seu próprio campo. Estou apenas dando um espaço, estou apenas retirando as coisas velhas que não têm mais nenhum motivo para estar.

Não personifico nada, não me pareço com nada e sequer estou triste, mas isso não tem nada a ver com indiferença, só estou deixando por um momento que a vida escreva sua própria história, só estou permitindo por um momento que o universo se expresse da maneira que ele achar que deve. Acho que há momentos em que controlarmos a situação é importante, acho que há momentos em que nos situarmos e fazer valer nossa vontade é de extremo valor. Mas, há momentos em que observar e contemplar a vida da maneira que ela quer se apresentar pode ser um belo espetáculo para se assistir.

Mas, saiba, querido, eu estou ao redor... Você sabe, querido, que eu estarei sempre ao redor... Eu sempre estou ao redor e estou assistindo à peça do universo. Só por esse momento eu não quero ter razão e não quero ter controle, só por um momento eu quero me dar o direito de permitir que o universo se expresse da maneira que ele quer fazer, que o universo diga o que ele queira dizer. E como um velho bêbado, o universo não sabe fazer outra coisa senão rir. A gargalhada perene!

Li a pouco sobre alguém que queria se tornar um deus, lembrei-me em seguida que eu também quero ser uma deusa às vezes. Mas às vezes ser deus significa aprender a observar o fluxo da vida como ele se apresenta, às vezes para aprender ser deus é necessário ser honestamente humano, às vezes para ser deus é necessário se lembrar de que se é uma estrela e que o universo está cheio delas. Às vezes para ser deus, basta apenas fazer parte, basta apenas calar-se e parar o mundo interno.

E não estou querendo ter razão, estou querendo ser bela. Não estou querendo ser deusa, estou querendo ser humana. Não estou querendo ser o vento, quero apenas ser a folha que se desprendeu da copa. Não estou querendo agir, estou querendo simplesmente observar a beleza que se estende adiante de mim. Não quero ser o rio, quero apenas ser a fonte. Porque parar às vezes pode ser assustador, não se importar às vezes pode ser um tormento, não tentar controlar todas as situações pode te fazer sentir como se estivesse caindo num penhasco. Mas, depois que todos os seus demônios se aquietam e você se acostuma com a nova situação, parece que perde a importância de se importar tanto com as coisas.

Então, querido, se sente ao meu lado e olhemos para o nada, não estamos aqui para falar, ou para acertar as coisas, ou para nos importarmos com o que pode vir a ser ou com o que já passou, eu só quero nesse instante viver esse exato momento. Eu só quero nesse momento deixar minha mente devanear naquilo que ela achar mais prazeroso, eu só quero me dar o direito de ouvir a chuva, ou de sentir o vento tocando em minha pele.

Eu só estou me dando o direito de assistir a dança de Shiva, de ouvir as gargalhadas do universo, os murmúrios de Gaia ou estar receptiva para que as coisas aconteçam da maneira que elas queiram se apresentar. Eu só quero me dar esse tempo para poder ouvir Janis Joplin sem me preocupar, ou ter de fazer, ou cumprir prazos. Eu estou me dando o direito de repousar no silêncio criativo. No ser do próprio existir.

Mas isso não quer dizer que não é importante. Eu sempre estarei ao redor, querido.

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